Acompanho o Oscar há varios anos. Sempre gostei de ver todos os filmes disponíveis antes da cerimônia, para comentar os resultados, discordando ou concordando. O problema é que raramente conseguia ver todos os filmes que concorriam devido à distribuição. Muitos só eram lançados no Brasil bem depois da premiação. Este ano, um número grande de pessoas conseguiu assistir todos os filmes muito antes do dia 22/02. A maioria comprou DVDs piratas ou simplesmente baixou os filmes que queria na Web.
Sem entrar no mérito da propriedade intelectual e pirataria (este é um assunto que precisa de um post exclusivo!), creio que estamos observando um fenômeno parecido com o da indústria fonográfica, com algumas variações. Primeiro, ir ao cinema está cada vez mais ligado à experiência, fazendo com que as salas tenham que se preocupar com os serviços, instalações e qualidade do áudio (cada vez mais alto!). O Imax está aí para provar a teoria. Segundo, a Web nos trouxe a facilidade de obter qualquer título de filmes nacionais ou internacionais, bem como séries, devidamente legendados (com o requinte de escolher entre mais de uma opção de legenda).
Em paralelo, recursos como o Youtube fornecem entretenimento na sala de estar, a medida que novos devices são utilizados e centralizam a função de DVD-player, audio e Internet. O Playstation 3 consegue rodar até Blu-Ray. Tenho um amigo que cancelou a assinatura da Net e utiliza apenas um computador, que fica 24h baixando músicas e filmes. Além disso, sempre que quer, pode assistir a um quadro do CQC ou episódio da novela no Youtube. A tendência dos centros de entretenimento domésticos já é realidade em vários domicílios no Brasil.
Nos EUA, onde este tipo de situação é cada vez mais comum, serviços de video on-demand proliferam (em hotéis, este recurso já é regra). A locadora de maior sucesso é a NetFlix, onde você compra uma assinatura e passa a escolher filmes e utilizar os serviços oferecidos inteiramente via Web (aqui no Brasil temos a Netmovies operando com o mesmo modelo). O estranho é que estamos consumindo praticamente o mesmo conteúdo que os americanos, quase que simultaneamente.
Me pergunto o que vai acontecer com o mercado no meio dessa facilidade cada vez maior de acesso a qualquer tipo de conteúdo, gratuitamente. É mais uma indústria que terá que se reinventar. Em tempo: Slumdog Millionaire mereceu cada uma das suas estatuetas. Belo filme!
3 comentários:
Penso que este é um caminho sem volta e que a indústria do cinema terá de se adaptar aos novos meios de distribuição. Talvez Slumdog Millionaire seja um pressagio, pois além de ser um belíssimo filme, custou bem menos que seus concorrentes, módicos U$ 14 milhões. Será que a Academia está se adequando a nova realidade da crise financeira mundial? Veremos...
É verdade, Rodrigo. Creio que a grande mudança está nos hábitos e gostos de quem assiste. Creio que a crise também terá um efeito importante neste cenário, a medida que idéias boas (leia-se roteiros, com boa execução) terão cada vez mais espaço em detrimento de grandes produções, muito caras e com retorno arriscado.
eae pedro!
interessante post, entretanto tenho que discordar apenas de um ponto: video/entretenimento on-demand nao e' necessariamente "free". obvio que pirataria merece seu post a parte, mas o fato e' que a o mercado ainda nao esta' pronto pra muita coisa -- youtube por exemplo, nao deveria permitir copyrighted material, como novelas. ao mesmo tempo, o mercado deveria reagir mais rapido, e a globo deveria tirar vantagem da busca pelo conteudo e disponibilizar o material proprio deles -- vide bbc iplayer.
enquanto as empresas apenas correrem atras -- tal como a nokia OVI meramente imitando a iphone app store -- quem perde sao as proprias empresas, e a pirataria continua.
nao que melhores servicos sejam mais lucros ou menos pirataria entretanto...
Postar um comentário